Como vai funcionar o projeto da Apple e Google para monitorar o coronavírus

Raquel Fanci Por Raquel Fanci

Se tem uma coisa que a pandemia está ensinando, é que às vezes é preciso deixar as rivalidades de lado para combater um inimigo em comum. A Apple e a Google, responsáveis pelos sistemas IOS e Android, respectivamente, se juntaram para criar uma interface para monitorar os usuários que foram diagnosticados com a Covid-19.

O sistema usa a tecnologia Bluetooth para monitorar o contato entre as pessoas. A ideia não é nova. O governo de São Paulo, inclusive, já está usando a localização dos celulares para verificar o grau de adesão da população à quarentena. A diferença, agora, é o detalhamento de informações e monitoramento específico de pessoas que estão com a doença.

Quando alguém testa positivo para a Covid-19, os médicos e cientistas tentam encontrar as pessoas que estiveram em contato com ela recentemente e que podem ter contraído o vírus. Basicamente, a ferramenta da Apple e Google torna esse processo mais fácil e eficaz. Ela verifica quais outros celulares estiveram por perto da pessoa infectada pelos últimos 14 dias.

Se você esteve em contato com alguém infectado, o seu celular deve receber uma notificação simples: “Recentemente você esteve exposto a alguém que testou positivo para a Covid-19”, em conjunto com um link que explica o que você deve fazer.

Para isso funcionar, o usuário precisará baixar um ou mais aplicativos que permitam o uso dos dados. A Apple e a Google não vão desenvolver esses aplicativos novos, e sim liberar APIs (Interface de Programação de Aplicativos) para que outros aplicativos possam usar as informações de usuários.

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Esses dados serão usados por autoridades governamentais de saúde em aplicativos desenvolvidos por elas. No Brasil, por exemplo, o Ministério da Saúde pode criar um aplicativo e disponibilizá-lo na App Store e no Google Play.

Se você chegou até aqui, já deve estar se perguntando: e como fica a minha privacidade? O governo vai saber onde eu estou? Calma. Segundo as empresas, elas não liberam a localização dos celulares, e sim os pontos de contato entre eles. Por isso é importante a parceria entre a Apple e a Google – não adiantaria nada se a pessoa infectada tivesse um IPhone e a amiga dela tivesse um Android se essas interfaces não pudessem se comunicar.

Mas aí vem um outro problema: para dar certo, as duas pessoas precisam ter o aplicativo baixado no celular. A menos que o aplicativo hipotético do Ministério da Saúde seja tão difundido quanto o Whatsapp, é provável que ele não englobe tanta gente.

É por isso que as empresas planejam passar para uma segunda etapa do projeto no futuro, em que os aplicativos não serão mais necessários. Ainda não se sabe ao certo como isso vai funcionar, mas a ideia é que a funcionalidade esteja dentro do sistema operacional Android e IOS.

Segundo as empresas, o consentimento do usuário é obrigatório em todas as etapas. Os usuários que receberem a notificação não saberão quem é a pessoa infectada e nem quando e onde o contato ocorreu. Se quiser saber mais sobre as questões de privacidade e segurança, a Apple e Google disponibilizaram mais informações aqui.

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